sexta-feira, 30 de março de 2018

Via Sacra em Altamira





As Sete Palavras de Jesus na Cruz. Meditação com o Bispo Emérito do Xingu, Dom Erwin.

OAB: Ação policial contra Padre Amaro criminaliza luta pela terra


CUT, 29.3.2018
Ação policial contra Padre Amaro criminaliza luta pela terra, diz OAB-PA
“A ação constante da grilagem e os crimes do latifúndio são as verdadeiras origens do caos no Pará”, diz nota da entidade, que pede paz no campo e denuncia imparcialidade do Estado e impunidade do latifúndio


Confira a nota da OAB-PA na íntegra:

Nota de Solidariedade a Padre Amaro

Os Membros da Comissão de Direito Agrário da OAB-PA, ao final subscritos ,manifestamos a nossa solidariedade a Padre Amaro, pela longa história de luta contra o latifúndio em ANAPU-PA
Registramos que a descrição das condutas delituosas descritas no recente Mandado de Prisão expedido contra o Padre Amaro, criam um enredo que coloca as ações de luta pela terra numa situação de guerra, porém como se fosse só de um lado a declaração de guerra.

Não há um mínimo contrabalançar da ação constante da grilagem e Crimes do latifúndio, verdadeira origem desse caos, inclusive objeto de audiência pública na OAB-PA em 09/03/2018.

Ao mesmo tempo que se difunde tal enredo, não se vê o empenho da polícia em prender gente importante do outro lado desta guerra, nem em investigar tais condutas com eficiência.

O campo paraense está em guerra , mas a ação policial, apesar da sua suposta imparcialidade , tem elementos que indicam que o seu o objetivo não é só prender Padre Amaro, mas claramente criminalizar a liderança, e deslegitimar a luta contra o latifúndio.

Certamente nenhuma investigação da mesma natureza foi feita nos ambientes onde os latifundiários se reúnem.

Mesmo as supostas condutas descritas como atentados sexuais, são associadas à luta pela terra. E poderiam ser capituladas em outro processo, mas isso claramente visa estigmatizar ainda mais a luta pela terra.

Ou seja, independente das condutas imputadas ao Padre Amaro, que rogamos a observância do princípio da presunção de inocência, o fato é que o objetivo da ação policial tem um viés de criminalizar a luta pela terra.

Este objetivo não pode ser aceito, deve ser combatido, afinal o único lado que somam os cadáveres é do lado dos trabalhadores, e todos sabem a impunidade segue gritante do latifúndio.
É uma guerra onde só morre de um lado, mas é este mesmo lado que agora começa a ir para as barras dos tribunais.

Triste história de como o Estado, infelizmente, cada vez mais assume o seu lado, e certamente não é o da reforma agrária.

Paz no campo é nosso desejo. Contra a criminalização dos movimentos sociais é o grito.

Belém, 29 de março de 2018

Ibraim Rocha - Presidente da Comissão de Direito Agrário
Aianny Naiara Gomes Monteiro - integrante da Comissão de Direito Agrário
Girolamo Domenico Treccani - Integrante da Comissão de Direito Agrário
Miguel Veiga Gualberto - integrante da Comissão de Direito Agrário
Roberto Cesar Teixeira de Santana - iIntegrante Comissão de Direito Agrário
Miguel Veiga Gualberto - integrante da Comissão de Direito Agrário da OAB-PA

quinta-feira, 29 de março de 2018

Padre Amaro pode ter o mesmo destino que os jovens mortos em Maricá


A onda fascista: Padre Amaro pode ter o mesmo destino que os jovens mortos em Maricá
Diário do centro do mundo (DCM), 29/03/2018

Nas últimas semanas, apenas para citar os casos mais em evidência, tivemos o assassinato de Marielle Franco, os atentados contra Lula, o ataque de um aluno nazista contra um colega de classe negro em uma escola de São Paulo, as ameaças de morte direcionadas ao padre Júlio Lancellotti e a chacina de cinco jovens em Maricá após assistirem um show do cantor Projota (o tipo de episódio que a vereadora Marielle tanto denunciava).

Soma-se agora a essa lista de atrocidades a perseguição ao padre Amaro. Sacerdote que trabalhou ao lado Dorothy Stang (a missionária assassinada em 2005 a mando de fazendeiros grileiros), padre José Amaro Lopes de Sousa vinha dando sequência ao trabalho da religiosa americana na Comissão Pastoral da Terra, em Anapu, no Pará.

Nesta terça-feira, padre Amaro foi abordado na rua por mais de 20 policiais e conduzido até a sua residência para realização de um mandado de busca e apreensão. O objetivo era o de recolher documentos e objetos que comprometessem o pároco. As acusações são de incitação a invasão de terra, extorsão e abuso sexual. O caso – e as provas – corre em segredo de justiça.

No domingo a noite, os cinco garotos que participavam de um grupo de dança, cantavam rap e trabalhavam em produções de eventos voltavam de um show de Projota foram executados na mesma área de lazer onde costumavam dar aulas para crianças de 8 a 10 anos. A polícia investiga a participação de milicianos no caso.

Levantar suspeita de ‘desvio de comportamento’ contra padres é a maneira mais fácil (e covarde) de conquistar a opinião pública. E acusar padre Amaro de agir como um grileiro é aproveitar-se do momento político – de algum resquício de antipatia com o MST – e inverter os papéis. O pároco está sendo definido como um ‘grande líder e incentivador das ocupações de terras no município’.

Dorothy Stang foi morta por defender comunidades pobres de serem expulsas de áreas disputadas por barões da terra e por atuar nos chamados PDS (Projetos de Desenvolvimento Sustentável).

Padre Amaro faz o mesmo (junto às Irmãs de Notre Dame, a mesma congregação a qual Dorothy pertencia) e sua prisão ocorre no exato momento em que começavam a circular informações de que uma gleba seria liberada em breve em favor dos colonos, contrariando interesses de gente graúda.

Os meninos de Maricá foram mortos por motivos ainda não esclarecidos, mas entre as certezas temos que eram pobres, negros, que faziam um trabalho de conscientização social. O professor Igor Fuser (Relações Internacionais da UFABC) postou nas redes sociais:

“Cinco jovens assassinados, dois deles vinculados ao PCdoB, e todos faziam trabalho social e cidadão. Os prováveis assassinos são integrantes de milícias (grupos ilegais e fortemente armados, formados por policiais, ex-policiais, comerciantes, etc) que assumem o controle de favelas e outras comunidades pobres, onde cobram proteção aos moradores, comerciantes e microempresários, no mais puro estilo mafioso, e em muitos casos se envolvem também com o tráfico de drogas, de armas e outras atividades criminosas, com a conivência e cumplicidade das forças policiais. Quem cai em desgraça com as milícias é eliminado, como parece ter sido o caso desses jovens.”

O bispo de Marabá, Dom Vital Corbellini, demonstrou preocupação com a situação de padre Amaro e fez uma contundente defesa da reforma agrária:

“Estamos apreensivos com os acontecimentos que estão correndo nestes últimos dias em relação à prisão do Padre Amaro e tudo aquilo que se refere à questão da terra no Pará, Sul e Sudeste do Estado (…) É preciso lutar pela terra para todas as pessoas, contra o desmatamento de florestas, favorecer a vida do povo pobre que vive na sua terra. Como a terra nesta área é muito expressiva em minérios, e outros metais de valor, atrai a atenção das grandes empresas, e os proprietários de terra fazendo com que haja a concentração da terra sempre mais nas mãos de algumas pessoas. O latifúndio está reinando. Quem grita contra tal situação corre o risco da perseguição ,e às vezes, da própria vida. Os conflitos agrários são diversos em todo o Estado de modo que é preciso pensar a reforma agrária.”

A prisão do padre Amaro é resultado da influência dos fazendeiros e grandes latifundiários sobre o poder judiciário da região. A juíza nem mesmo deu-se ao trabalho de ouvir o Ministério Público antes de decretar a prisão. Prisão esta que é preventiva e não em razão de flagrante. Está fundamentada exclusivamente em depoimentos, obviamente, de fazendeiros.

Desde a morte da missionária Dorothy Stang, padre Amaro já recebeu centenas de ameaças de morte. Seus inimigos, entretanto, devem ter avaliado as consequências de ter mandado matar a missionária e, ao que tudo indica, elaboraram um golpe branco. Aproveitaram o rastro do escândalo de Formosa no qual padres foram presos por desvio de dinheiro e simularam mais uma operação.

Como aos olhos e ouvidos do telespectador leigo hoje tudo é uma grande ‘operação’ para passar o país a limpo, tome ação abusiva pra cima dos que incomodam.

A Direção Nacional da CPT emitiu uma nota: “Padre Amaro é um incansável defensor dos direitos humanos e, por isso, é odiado pelos exploradores da região e por aqueles que acobertam seus crimes. Há muito tempo que ele vem sendo ameaçado de morte pelos latifundiários, por aqueles que querem se apropriar criminosamente de terras públicas para explorá-las, às custas da expulsão do povo que precisa das terras para sobreviver”.

Tão logo tomou conhecimento de que os jovens executados estavam retornando de seu show, o rapper Projota também manifestou sua tristeza num tom menos indignado que resignado.

“Tô me sentindo assim, fraco e impotente (…) Espero realmente que respostas cheguem! Pois é assim hoje em Maricá, como foi em Osasco, como acontece em todas as favelas no RJ, nas periferias do Nordeste e em cada canto do nosso país. Gente sem voz, povo acuado e fragilizado, até quando??? Até quando??? Hoje a quebrada chora“.

Quem acreditava que as mortes de Chico Mendes ou Marielle Franco seriam divisores de águas, enganou-se.

Vigília no presídio de Altamira para pedir libertação do Pe. Amaro

Vigília em frente à Unidade Prisional de Altamira/PA, onde está preso o Padre Amaro, da CPT de Anapu, no Pará.

Presentes, os Bispos Dom João Muniz, da Prelazia do Xingu, e Erwin Krautler, bispo emérito do Xingu, e lideranças comunitárias. EXIGIMOS A LIBERTAÇÃO DO PADRE AMARO e investigação justa. (Fonte: CPT-MG)









quarta-feira, 28 de março de 2018

Pe. Amaro: Minha convivência com Irmã Dorothy


REPAM-Brasil Comunicação, publicado em 12 de fevereiro de 2018



jcidadelivre, publicado em 6 de fevereiro de 2011



Fonte: Mídia e Amazônia
Terras sem lei na Amazônia ameaçam o compromisso climático brasileiro
Um violento descumprimento da lei ameaça os esforços nacionais para acabar com o desmatamento ilegal
Matéria publicada pelo Financial Times em 10/12/2015


UNISINOS, 19/02/2011
PDS Esperança: conflitos e esperança.
Em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone, Amaro Lopes de Souza lembra que o conflito entre madeireiros e os trabalhadores rurais é antigo e se estende desde a abertura da Transamazônica, “quando o Governo Militar cortou o coração da floresta para construir essa bendita estrada e depois abandonou o povo da região”. Hoje, as disputas por terras se agravam em cidades onde há maior disponibilidade de madeira, em áreas próximas aos PDS.


Reporter Brasil, 18/02/05
Padre Amaro, ameaçado no Pará: “violência só acaba com reforma agrária”
Em entrevista exclusiva, o padre que trabalhava em Anapu (PA) com a irmã Dorothy Stang, assassinada há uma semana, faz um relato sobre a violência que atinge o dia-a-dia dos trabalhadores na região e discute como o Estado pode mudar a realidade amazônica

Liberdade para Padre Amaro

Manifestações de apoio e solidariedade a Padre Amaro

CPT-Nacional, 28.3.2018
Manifestações de apoio e solidariedade a Padre Amaro
Desde a manhã desta terça-feira, 27, quando o Padre José Amaro Lopes de Sousa, ou simplesmente Padre Amaro, foi detido preventivamente, inúmeras manifestações de apoio e solidariedade ao religioso têm chegado à Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade que ele, assim como Irmã Dorothy Stang, escolheu para dedicar a vida como agente de pastoral. Amaro também é pároco da Paroquia de Santa Luzia de Anapu, da Prelazia do Xingu, situada no estado do Pará.
Veja as manifestações


Irmãs de Notre Dame de Namur, Breves – Prelazia do Marajó
Caras irmãs e irmãos,
pedimos intensas orações de vocês por nosso companheiro, padre Amaro, agente da CPT em Anapu: foi grande amigo de irmã Dorothy e deu continuidade à luta pela terra – contra o latifúndio e em favor dos camponeses na posse da terra, depois do assassinato dela em 2005. Ele foi preso hoje de manhã em Anapu. Conhecemos padre Amaro há anos, e sabemos que está sendo acusado injustamente. Há muito tempo que ele vem sendo ameaçado de morte pelos latifundiários, por aqueles que querem se apropriar criminosamente de terras públicas para explorá-las, às custas da expulsão do povo que precisa das terras para sobreviver. Padre Amaro é um incansável defensor dos direitos humanos e, por isso, é odiado pelos exploradores da região e por aqueles que acobertam seus crimes.

Repudiamos todas as acusações contra padre Amaro e nos colocamos solidariamente ao lado dele. Manifestamos nossa grande preocupação com a notícia de que padre Amaro está sendo levado para o presídio em Altamira, uma vez que Taradão – o mandante do assassinato de Dorothy – está lá. Isso coloca a vida do padre Amaro em sério risco. Não podemos nos calar diante de mais esta tentativa de criminalizar lideranças que atuam em favor dos direitos do povo. Como Igreja, nosso lugar é ao lado dos acusados injustamente e dos "perdedores" desta sociedade – não nos palanques, não nos gabinetes, mas pisando no chão batido e enfrentando a poeira da estrada, juntando nossas vozes às vozes daqueles que a sede de poder, de fama e de dinheiro querem calar a todo custo.

Igreja: Pe. Amaro Lopes é vítima de difamação

G1-O Globo, 28.3.2018
'Prisão de Pe. Amaro satisfaz interesses de latifundiários', afirma Comissão Pastoral da Terra no PA
De acordo com nota divulgada nesta quarta, 28, a prisão não foi baseada em fatos concretos, mas em depoimentos de fazendeiros. Prelazia diz que o pároco é vítima de difamação.


VaticanNews, 28.3.2018
Igreja no Xingu preocupada com prisão de Pe. Amaro
Nota da Prelazia afirma que "há anos alvo de ameaças, Padre Amaro agora é vítima de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos favorecidos".


CPT-Nacional, 28.3.2018
NOTA PÚBLICA:
O avanço da criminalização não vai parar nossa missão!
A prisão do Pe. Amaro é uma medida que vem satisfazer a sanha dos latifundiários da região que pretendem de toda forma destruir o trabalho realizado pela CPT, e desmoralizar os que lutam ao lado dos pequenos para ver garantidos os seus direitos. E se enquadra no contexto do cenário nacional em que os ruralistas ditam os rumos da política brasileira.

A ele se atribui uma série de crimes: “lidera uma associação criminosa, com o fim de cometer diversos crimes, tais como, ameaça à pessoa, esbulho possessório, extorsão, assédio sexual, importuna ofensa ao pudor, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.”

Até o momento não tivemos acesso ao Inquérito Policial que deu origem a este mandado de prisão, mas há suspeita de que houve uma ação bem orquestrada para juntar elementos, não se sabe de que qualidade, que pudessem sustentar uma decretação de sua prisão. A ordem de prisão se baseia não em fatos concretos, mas em depoimentos de fazendeiros e de outras pessoas que se dispuseram a atestar contra o padre.

O que chama a atenção é que boa parte do inquérito, como se extrai do mandado de prisão, começou a ser elaborada após a prisão de um motorista que trabalhava com o Pe. Amaro, em janeiro último. Vários depoimentos, citados no mandado, iniciam dizendo praticamente que, ao saber da prisão do referido motorista, aí sim decidiram comparecer à delegacia para agregar algumas informações a respeito da ação do Pe. Amaro, que é apresentado como o grande líder e incentivador das ocupações de terras no município. A ele se incrimina, inclusive, ser o incentivador de assassinatos de pessoas, a fim de caracterizar a região como de conflitos agrários. A juíza sequer ouviu o Ministério Público antes de decretar a prisão do padre.


Amazônia real, 30/03/2018
CPT tem acesso a inquérito e diz que provas contra o padre Amaro “são insuficientes”
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) pediu à Justiça a revogação da prisão de Amaro justificando que o sacerdote é vítima de perseguição organizada por fazendeiros insatisfeitos com sua ação na defesa da reforma agrária. Outro ponto questionado pela CPT é o fato de que o Ministério Público Estadual não foi ouvido antes da decretação da prisão do religioso pela Justiça. O caso, classificado pela Igreja Católica como injustiça, provocou uma comoção nacional.
O advogado da CPT José Batista, que faz a defesa do padre Amaro, teve acesso ao inquérito policial que contém as acusações contra o religioso. “O inquérito se baseia num conjunto de informações muito genéricas, que carecem de comprovação. Na nossa avaliação, não existem provas suficientes para sustentar a condenação dos crimes que são impostos a ele”, declarou ele em entrevista à agência Amazônia Real.


CPT-Nacional, 28.3.2018
Manifestações de apoio e solidariedade a Padre Amaro
Desde a manhã desta terça-feira, 27, quando o Padre José Amaro Lopes de Sousa, ou simplesmente Padre Amaro, foi detido preventivamente, inúmeras manifestações de apoio e solidariedade ao religioso têm chegado à Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade que ele, assim como Irmã Dorothy Stang, escolheu para dedicar a vida como agente de pastoral. Amaro também é pároco da Paroquia de Santa Luzia de Anapu, da Prelazia do Xingu, situada no estado do Pará. Veja as manifestações


VaticanNews, 28.3.2018
Prisão de Padre Amaro no Pará: indignação da REPAM
Rede Eclesial Pan-amazônica denuncia: "Nesta semana em que celebramos as dores de Cristo a caminho do calvário, Padre Amaro Lopes está sendo injustamente acusado e conduzido pelos mesmos caminhos do Calvário de Jesus Cristo".


REPAM, 28.3.2018
Nota de solidariedade e apoio ao padre José Amaro Lopes de Souza
Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão (Lc 19,40). [...]
Nesta semana em que celebramos as dores de Cristo a caminho do calvário, padre Amaro Lopes está sendo injustamente acusado e conduzido pelos mesmos caminhos do Calvário de Jesus Cristo. Os sumos sacerdotes, que outrora condenaram Jesus, são os poderosos, exploradores da Amazônia e de seu povo, que agora condenam padre Amaro Lopes.
Da mesma forma que reconhecemos as injustiças da condenação de Jesus, reconhecemos também que o mesmo se passa com padre Amaro. Por isso, compartilhando das mesmas dores de Jesus, clamamos por justiça e bradamos pela imediata libertação deste nosso irmão. Repudiamos veementemente as acusações impetradas sobre ele de forma caluniosa.
Manifestamos nossa solidariedade e nos colocamos ao seu lado, pedindo que se faça justiça com transparência e neutralidade. Que a verdade dos fatos seja apurada com o rigor da justiça, e que o padre Amaro tenha o direito de responder ao processo em liberdade, como o é permitido a qualquer cidadão em situação parecida.
Estamos apreensivos e acompanhamos a investigação e espera pela rápida elucidação dos fatos.
Que se faça justiça e que se celebre a Páscoa da Libertação!
Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil)


Rede Brasil Atual, 29.3.2018 (Audio)
Prisão de padre José Amaro no Pará é armação
Tiago Valentim, da coordenação do CPT, em entrevista à Rádio Brasil Atual


Santas Missões Populares, 28 de Março de 2018
Nota de Solidariedade com o irmão preso, o Pe. José Amaro Lopes de Sousa
A ASSOCIAÇÃO SANTAS MISSÕES POPULARES (ASMP), com sede em Belém (PA), e espalhada em todo o Brasil, indignada, denuncia a prisão injusta e arbitrária do nosso irmão e amigo Pe. José Amaro Lopes de Souza, pároco em Anapu (Transamazônica), prelazia do Xingu-Altamira (PA).


Brasil de Fato, 29/03/2018
Provas contra Padre Amaro são viciadas, afirma Comissão Pastoral da Terra no Pará
Prisão do religioso é tentativa de enfraquecer atuação pastoral na região onde Dorothy Stang foi morta, alerta advogado


Jornal Cidade livre, 30.3.2017
Nota da Comissão Pastoral da Terra - Regional Pará
Padre Amaro: uma prisão com indícios de armação.
Todos sabem que em Anapú a CPT defende o modelo dos Projetos de Assentamento Sustentáveis (PDS), que prioriza a convivência entre a agricultura e a preservação da floresta. Muitos discordam dessa orientação da CPT e acabam sendo influenciados a apresentarem denúncias contra Padre Amaro como forma de atingir o trabalho da entidade.

Por outro lado, não é novidade a intenção da Polícia Civil de Anapú em criminalizar o trabalho das lideranças da CPT no município, especialmente, o Padre Amaro. Não foi diferente na época de Dorothy. Durante as investigações do assassinato da missionária, o então delegado de polícia de Anapú, Marcelo Luz, foi acusado pelos próprios fazendeiros investigados, de receber propina para dar proteção a eles nas terras grilada e não dar seguimento às denúncias feitas por Dorothy.

Os advogados da CPT vão analisar todos os documentos juntados no inquérito para averiguarem se houve intensão da polícia local em armar um cenário que justificasse o pedido de prisão.

Padre Amaro, vem recebendo ameaças de morte há vários anos da parte de fazendeiros que ocupam ilegalmente terras públicas no município de Anapú. O ódio dos fazendeiros contra ele e a CPT é devido ao apoio dados aos trabalhadores rurais na conquista dessas terras. Em relação à Irmã Dorothy que também foi ameaçada, a decisão dos fazendeiros foi de encomendar sua morte. Dada a repercussão do crime e a prisão dos fazendeiros, ao que tudo indica, houve mudança de estratégia em relação a Amaro, ou seja, tentar afastá-lo de seu trabalho em Anapú através da criminalização e tentativa de desmoralização de seu trabalho.

Importante deixar claro que Padre Amaro não responde a nenhum processo criminal, o que está em curso é apenas uma investigação policial da delegacia de Anapú. O Ministério Público sequer foi ouvido na decretação da prisão. Uma vez concluída a investigação, o MP poderá, oferecer denúncia contra o Padre o requerer o arquivamento do inquérito se não se convencer da veracidade das provas.

A CPT irá empreender todos os esforços no sentido de revogar imediatamente essa prisão injusta e provar a inocência de Amaro no curso das investigações. Esta prisão nos deixa extremamente indignados, mas considerando todo o histórico de violência e a atuação truculenta do governo do Estado do Pará, que com sua polícia que mata e prende trabalhadores, não nos deixa surpresos com ocorrido neste dia 27. Nossa missão como CPT é continuar nosso serviço junto aos trabalhadores que lutam por liberdade e assim continuaremos nosso trabalho. Cada dia mais forte.

Assim, repudiamos todo o processo de criminalização promovida por agentes da polícia civil de Anapú contra o Padre Amaro, que levou ao absurdo de uma prisão preventiva a partir de acusações infundadas, com o intuito de desmoralizar toda sua história de luta. Contudo, nos manteremos fortes e firmes em nossa luta de transformação profunda desta sociedade desigual e injusta. Como pediu Padre Amaro a sua equipe de trabalho, no momento em que era conduzido por policiais: “não deixem de ir para as comunidades. Não parem a missão”.

Nota de solidariedade da Prelazia do Xingu


O servo não é maior do que o seu senhor.

“O servo não é maior do que o seu senhor.
Se a mim perseguiram, também vos perseguirão.”
Jo 15,20


A Semana Santa começou com grande sofrimento para a Prelazia do Xingu. Fomos surpreendidos na manhã do dia 27 de março com a notícia da prisão de nosso Padre José Amaro Lopes de Sousa, pároco da paróquia de Santa Luzia de Anapu.

Manifestamos nossa fraterna solidariedade a esse incansável defensor dos direitos humanos, defensor da regularização fundiária, da reforma agrária e dos assentamentos de sem-terra. Há anos alvo de ameaças, Padre Amaro agora é vítima de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos favorecidos.

Repudiamos as acusações de ele promover invasões de terras que são reconhecidas pela Justiça como terras públicas, destinadas à reforma agrária, mas se concentram ainda nas mãos de pessoas economicamente poderosas.

Padre Amaro atua desde 1998 na Paróquia Santa Luzia. É líder comunitário e coordenador da Pastoral da Terra (CPT). O assassinato da Irmã Dorothy em 12 de fevereiro de 2005 no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) “Esperança”, não mais o deixou quieto e o fez continuar a missão daquela Irmã mártir.

Acompanhamos apreensivos a investigação e elucidação dos fatos e insistimos que a verdade seja apurada com justiça e total transparência.

A Semana Santa nos recorda a Paixão e Morte do Senhor na cruz, muito mais ainda a Ressurreição de Jesus. Na Páscoa celebramos a vitória da Vida sobre a morte, mas também da Verdade sobre todas as mentiras.

Altamira, 28 de março de 2018
Dom João Muniz Alves, bispo do Xingu
Dom Erwin Kräutler, bispo emérito do Xingu

Fonte: Prelazia do Xingu

terça-feira, 27 de março de 2018

Juiz determina prisão de padre em Anapu


Provas e indícios de crimes fundamentaram decisão do magistrado

O juiz André Monteiro Gomes, titular da Comarca de Anapu, em resposta à representação feita pelo delegado de Polícia Civil, Rubens Matoso Ribeiro, deferiu, nesta terça-feira, 27, pedido de busca e apreensão, e prisão preventiva de José Amaro Lopes de Sousa, padre e presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na localidade. O padre é acusado pelos crimes de associação criminosa, ameaça, esbulho possessório, extorsão, assédio sexual, importunação ofensiva ao pudor, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro. O padre José Amaro Lopes de Sousa vai cumprir a prisão cautelar em Altamira.

O magistrado fundamentou a decretação da prisão preventiva por considerar haver provas da existência dos crimes, e indícios suficientes de autoria, trazidos ao processo em forma de provas documentais físicas e eletrônicas, além de vários termos de declarações de testemunhas.

André Monteiro Gomes julgou necessária prisão cautelar pela manutenção da ordem pública e conveniência da instrução criminal, pois constatou que existem indícios de que o padre causa temor na população local e tem muita influência na região. “Outrossim, há a gravidade em concreto dos fatos, pois se observa a força persuasiva do Representado em influenciar todo um grupo, induzindo-os ao cometimento de crimes graves, como homicídios, bem como existem indícios do fornecimento de armas”.

O juiz destacou o descontentamento de todos os envolvidos com a violência inerente à questão agrária em Anapu. “Tanto é assim que, na presente operação, fazendeiros, colonos, familiares de vítimas de homicídio, pessoas que participavam de movimentos associativos atrelados a ocupações, por não mais suportar todas as consequências advindas do confronto pela posse de terra, resolveram contribuir com a autoridade policial noticiando os mecanismos que são utilizados”.

Por considerar a questão agrária complexa, André Monteiro Gomes afirmou que a decisão não pretende apresentar uma versão de lado certo e lado errado. “Ressalte-se ainda que a presente decisão não tem o objetivo e nem poderia se valer de uma análise maniqueísta, isto é, de apontar quem é o certo ou errado em situações envolvendo a reforma agrária, proprietários ou colonos. Todavia, a importância dessa análise é justamente realizar a devida averiguação a fim de ofertar uma resposta à sociedade em geral. Até porque há indícios de que colonos de boa-fé, que estão em busca de um pedaço de terra pelas vias legais, vêm sendo manipulados e utilizados como “massa de manobra”, para que terceiros aufiram lucro das ocupações”.

André Monteiro Gomes considerou ainda que há indícios de que o acusado se utiliza dos dois cargos que exerce, que agregam valores nobres, como “escudo protetor” de suas atividades ilícitas, e que não tem receio das consequências, tanto que foi apresentada gravação de vídeo em que ele incita a violência. “Quem tiver coragem mesmo matando gente, mas tem mais terra pra ocupar (...) se matar um, mas fica ao menos 10 vivos”. Dentre as provas dos crimes, foram apresentados também comprovantes de transferências feitas por fazendeiros a parentes do padre, em troca de não terem sua terra ocupada.

A operação da Polícia Civil foi denominada Eça de Queiroz em referência à obra do autor português: “O Crime do Padre Amaro”.


Confira aqui a decisão.

Pe. Amaro Lopes preso em Anapu


Diário Online, 27.3.2018
Sucessor de Dorothy Stang, padre Amaro Lopes é preso por suspeita de assédio sexual
Na manhã desta terça-feira (27.3.), a Polícia Civil prendeu de forma preventiva o Padre José Amaro Lopes da Silva, do município de Anapu, sudoeste paraense. Ele é considerado o "sucessor" de Dorothy Stang na região.


G1-O Globo, 27.3.2018 (Video)
Liderança da Comissão Pastoral da Terra é presa por suspeita de extorsão e assédio sexual em Anapu
Padre José Amaro era considerado braço direito da missionária norte americana Dorothy Stang, assassinada em 2005. Ele é investigado por extorsão, ameaça, esbulho possessório e assédio sexual.
A Polícia Civil investiga o envolvimento do padre José Amaro nos crimes de extorsão, ameaça, assédio sexual e esbulho possessório, quando uma terra é tirada do dono de forma violenta. Ele foi preso na rodoviária de Anapu, no sudoeste do Pará, na manhã desta terça-feira (27). O padre é ouvido durante esta manhã na sede da Superintendência Regional da região do Xingu, em Altamira.
O religioso é uma das mais influentes lideranças da Comissão Pastoral da Terra na região de Anapu, marcada por conflitos agrários. José Amaro era considerado braço direito da missionária norte americana Dorothy Stang, assassinada em 2005, e deu prosseguimento ao trabalho depois da execução dela.



O bispo emérito Dom Erwin Krautler, da Prelazia do Xingu, esteve no local e informou apenas que o caso é acompanhado pelo advogados da institução. A Comissão Pastoral da Terra informou que, por enquanto, não vai se pronunciasr sobre o assunto.
Durante a operação, foram cumpridos ainda mandados de busca e apreensão na casa e na paróquia do padre, que fica em Anapu. 

G1-O Globo, 27.3.2018
Pe. Amaro é levado para mesmo presídio onde mandante do assassinato de Dorothy Stang cumpre pena no Pará
O religioso deve cumprir prisão preventiva após investigações da Polícia Civil que apontam o envolvimento dele em oito crimes.

Blog do Luíz Müller, 27.3.2018
Prisão do Padre Amaro, Substituto de Dorothy Stang, é perseguição política contra Pastoral da Terra
PADRE AMARO é mais um preso político desse “tempo estranho” que caiu sob o Brasil, onde o Poder Judiciário é o principal violador da CONSTITUIÇÃO FEDERAL e das leis

Revista Forum, 27.3.2018
Braço direito de Dorothy Stang, padre Amaro Lopes é preso no Pará
O religioso, uma das principais lideranças da Pastoral da Terra e da luta pelo assentamento de sem terras e regularização fundiária, foi preso sob acusações que vão de extorsão até assédio sexual; mídia internacional já falou que Amaro é vítima de difamação para deslegitimar sua ação social

Agência Brasil, 28.3.2018
Justiça de Anapu determina a prisão preventiva do padre José Amaro
O padre José Amaro Lopes de Sousa foi preso na terça-feira (27), em Anapu, no Pará. Considerado o sucessor da religiosa irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, ele é acusado de liderar uma associação criminosa. De acordo com a investigação policial, padre Amaro teria cometido diversos crimes, entre eles, incentivo à ocupação de terras e assassinatos, extorsão, assédio sexual, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.
O juiz da Comarca de Anapu, André Monteiro Gomes, que decretou a prisão preventiva, disse que há provas documentais físicas e eletrônicas da existência dos crimes e indícios suficientes de autoria, além de vários termos de declarações de testemunhas.
Em nota publicada nesta quarta-feira (28), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) acusa a polícia de se basear principalmente em depoimentos de fazendeiros contrários à atuação do religioso pela reforma agrária e pelo desenvolvimento sustentável. A CPT ainda critica a Justiça por não ter ouvido o Ministério Público antes de decretar a prisão. Paulo César Moreira, integrante da comissão, teme que seja uma ação para intimidar quem luta pela reforma agrária.


Operação Eça de Queiroz
Decisão da Prisão Preventiva de José Amaro Lopes de Sousa - PDF



SBT-TV, 27.3.2018


terça-feira, 13 de março de 2018

Dom Erwin Kräutler sobre o Sínodo para a Amazônia


Um Sínodo para a Amazônia, entrevista com dom Erwin Kräutler
Um Sínodo para a Amazônia: povos indígenas, populações tradicionais, populações urbanas; novos caminhos para Igreja e por uma ecologia integral

Dom Erwin Kräutler, coordenador da Rede Eclesial Pan-Amazônica, (REPAM-Brasil), bispo emérito do Xingu, no Pará, e recém nomeado conselheiro pré-sinodal para o Sínodo da Amazônia fala nesta entrevista sobre a excepcionalidade e singularidade da convocação do Sínodo que traz como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Além de identificar novos caminhos de evangelização com uma atenção especial aos povos originários o “Sínodo quer chamar a atenção do mundo inteiro sobre um bioma que há décadas está sendo inescrupulosamente explorado e arrasado e cuja destruição gradativa tem consequências para o planeta todo”, assevera dom Erwin.

Leia a íntegra da entrevista: REPAM, 11/03/2018