quarta-feira, 28 de março de 2018

Igreja: Pe. Amaro Lopes é vítima de difamação

G1-O Globo, 28.3.2018
'Prisão de Pe. Amaro satisfaz interesses de latifundiários', afirma Comissão Pastoral da Terra no PA
De acordo com nota divulgada nesta quarta, 28, a prisão não foi baseada em fatos concretos, mas em depoimentos de fazendeiros. Prelazia diz que o pároco é vítima de difamação.


VaticanNews, 28.3.2018
Igreja no Xingu preocupada com prisão de Pe. Amaro
Nota da Prelazia afirma que "há anos alvo de ameaças, Padre Amaro agora é vítima de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos favorecidos".


CPT-Nacional, 28.3.2018
NOTA PÚBLICA:
O avanço da criminalização não vai parar nossa missão!
A prisão do Pe. Amaro é uma medida que vem satisfazer a sanha dos latifundiários da região que pretendem de toda forma destruir o trabalho realizado pela CPT, e desmoralizar os que lutam ao lado dos pequenos para ver garantidos os seus direitos. E se enquadra no contexto do cenário nacional em que os ruralistas ditam os rumos da política brasileira.

A ele se atribui uma série de crimes: “lidera uma associação criminosa, com o fim de cometer diversos crimes, tais como, ameaça à pessoa, esbulho possessório, extorsão, assédio sexual, importuna ofensa ao pudor, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.”

Até o momento não tivemos acesso ao Inquérito Policial que deu origem a este mandado de prisão, mas há suspeita de que houve uma ação bem orquestrada para juntar elementos, não se sabe de que qualidade, que pudessem sustentar uma decretação de sua prisão. A ordem de prisão se baseia não em fatos concretos, mas em depoimentos de fazendeiros e de outras pessoas que se dispuseram a atestar contra o padre.

O que chama a atenção é que boa parte do inquérito, como se extrai do mandado de prisão, começou a ser elaborada após a prisão de um motorista que trabalhava com o Pe. Amaro, em janeiro último. Vários depoimentos, citados no mandado, iniciam dizendo praticamente que, ao saber da prisão do referido motorista, aí sim decidiram comparecer à delegacia para agregar algumas informações a respeito da ação do Pe. Amaro, que é apresentado como o grande líder e incentivador das ocupações de terras no município. A ele se incrimina, inclusive, ser o incentivador de assassinatos de pessoas, a fim de caracterizar a região como de conflitos agrários. A juíza sequer ouviu o Ministério Público antes de decretar a prisão do padre.


Amazônia real, 30/03/2018
CPT tem acesso a inquérito e diz que provas contra o padre Amaro “são insuficientes”
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) pediu à Justiça a revogação da prisão de Amaro justificando que o sacerdote é vítima de perseguição organizada por fazendeiros insatisfeitos com sua ação na defesa da reforma agrária. Outro ponto questionado pela CPT é o fato de que o Ministério Público Estadual não foi ouvido antes da decretação da prisão do religioso pela Justiça. O caso, classificado pela Igreja Católica como injustiça, provocou uma comoção nacional.
O advogado da CPT José Batista, que faz a defesa do padre Amaro, teve acesso ao inquérito policial que contém as acusações contra o religioso. “O inquérito se baseia num conjunto de informações muito genéricas, que carecem de comprovação. Na nossa avaliação, não existem provas suficientes para sustentar a condenação dos crimes que são impostos a ele”, declarou ele em entrevista à agência Amazônia Real.


CPT-Nacional, 28.3.2018
Manifestações de apoio e solidariedade a Padre Amaro
Desde a manhã desta terça-feira, 27, quando o Padre José Amaro Lopes de Sousa, ou simplesmente Padre Amaro, foi detido preventivamente, inúmeras manifestações de apoio e solidariedade ao religioso têm chegado à Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade que ele, assim como Irmã Dorothy Stang, escolheu para dedicar a vida como agente de pastoral. Amaro também é pároco da Paroquia de Santa Luzia de Anapu, da Prelazia do Xingu, situada no estado do Pará. Veja as manifestações


VaticanNews, 28.3.2018
Prisão de Padre Amaro no Pará: indignação da REPAM
Rede Eclesial Pan-amazônica denuncia: "Nesta semana em que celebramos as dores de Cristo a caminho do calvário, Padre Amaro Lopes está sendo injustamente acusado e conduzido pelos mesmos caminhos do Calvário de Jesus Cristo".


REPAM, 28.3.2018
Nota de solidariedade e apoio ao padre José Amaro Lopes de Souza
Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão (Lc 19,40). [...]
Nesta semana em que celebramos as dores de Cristo a caminho do calvário, padre Amaro Lopes está sendo injustamente acusado e conduzido pelos mesmos caminhos do Calvário de Jesus Cristo. Os sumos sacerdotes, que outrora condenaram Jesus, são os poderosos, exploradores da Amazônia e de seu povo, que agora condenam padre Amaro Lopes.
Da mesma forma que reconhecemos as injustiças da condenação de Jesus, reconhecemos também que o mesmo se passa com padre Amaro. Por isso, compartilhando das mesmas dores de Jesus, clamamos por justiça e bradamos pela imediata libertação deste nosso irmão. Repudiamos veementemente as acusações impetradas sobre ele de forma caluniosa.
Manifestamos nossa solidariedade e nos colocamos ao seu lado, pedindo que se faça justiça com transparência e neutralidade. Que a verdade dos fatos seja apurada com o rigor da justiça, e que o padre Amaro tenha o direito de responder ao processo em liberdade, como o é permitido a qualquer cidadão em situação parecida.
Estamos apreensivos e acompanhamos a investigação e espera pela rápida elucidação dos fatos.
Que se faça justiça e que se celebre a Páscoa da Libertação!
Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil)


Rede Brasil Atual, 29.3.2018 (Audio)
Prisão de padre José Amaro no Pará é armação
Tiago Valentim, da coordenação do CPT, em entrevista à Rádio Brasil Atual


Santas Missões Populares, 28 de Março de 2018
Nota de Solidariedade com o irmão preso, o Pe. José Amaro Lopes de Sousa
A ASSOCIAÇÃO SANTAS MISSÕES POPULARES (ASMP), com sede em Belém (PA), e espalhada em todo o Brasil, indignada, denuncia a prisão injusta e arbitrária do nosso irmão e amigo Pe. José Amaro Lopes de Souza, pároco em Anapu (Transamazônica), prelazia do Xingu-Altamira (PA).


Brasil de Fato, 29/03/2018
Provas contra Padre Amaro são viciadas, afirma Comissão Pastoral da Terra no Pará
Prisão do religioso é tentativa de enfraquecer atuação pastoral na região onde Dorothy Stang foi morta, alerta advogado


Jornal Cidade livre, 30.3.2017
Nota da Comissão Pastoral da Terra - Regional Pará
Padre Amaro: uma prisão com indícios de armação.
Todos sabem que em Anapú a CPT defende o modelo dos Projetos de Assentamento Sustentáveis (PDS), que prioriza a convivência entre a agricultura e a preservação da floresta. Muitos discordam dessa orientação da CPT e acabam sendo influenciados a apresentarem denúncias contra Padre Amaro como forma de atingir o trabalho da entidade.

Por outro lado, não é novidade a intenção da Polícia Civil de Anapú em criminalizar o trabalho das lideranças da CPT no município, especialmente, o Padre Amaro. Não foi diferente na época de Dorothy. Durante as investigações do assassinato da missionária, o então delegado de polícia de Anapú, Marcelo Luz, foi acusado pelos próprios fazendeiros investigados, de receber propina para dar proteção a eles nas terras grilada e não dar seguimento às denúncias feitas por Dorothy.

Os advogados da CPT vão analisar todos os documentos juntados no inquérito para averiguarem se houve intensão da polícia local em armar um cenário que justificasse o pedido de prisão.

Padre Amaro, vem recebendo ameaças de morte há vários anos da parte de fazendeiros que ocupam ilegalmente terras públicas no município de Anapú. O ódio dos fazendeiros contra ele e a CPT é devido ao apoio dados aos trabalhadores rurais na conquista dessas terras. Em relação à Irmã Dorothy que também foi ameaçada, a decisão dos fazendeiros foi de encomendar sua morte. Dada a repercussão do crime e a prisão dos fazendeiros, ao que tudo indica, houve mudança de estratégia em relação a Amaro, ou seja, tentar afastá-lo de seu trabalho em Anapú através da criminalização e tentativa de desmoralização de seu trabalho.

Importante deixar claro que Padre Amaro não responde a nenhum processo criminal, o que está em curso é apenas uma investigação policial da delegacia de Anapú. O Ministério Público sequer foi ouvido na decretação da prisão. Uma vez concluída a investigação, o MP poderá, oferecer denúncia contra o Padre o requerer o arquivamento do inquérito se não se convencer da veracidade das provas.

A CPT irá empreender todos os esforços no sentido de revogar imediatamente essa prisão injusta e provar a inocência de Amaro no curso das investigações. Esta prisão nos deixa extremamente indignados, mas considerando todo o histórico de violência e a atuação truculenta do governo do Estado do Pará, que com sua polícia que mata e prende trabalhadores, não nos deixa surpresos com ocorrido neste dia 27. Nossa missão como CPT é continuar nosso serviço junto aos trabalhadores que lutam por liberdade e assim continuaremos nosso trabalho. Cada dia mais forte.

Assim, repudiamos todo o processo de criminalização promovida por agentes da polícia civil de Anapú contra o Padre Amaro, que levou ao absurdo de uma prisão preventiva a partir de acusações infundadas, com o intuito de desmoralizar toda sua história de luta. Contudo, nos manteremos fortes e firmes em nossa luta de transformação profunda desta sociedade desigual e injusta. Como pediu Padre Amaro a sua equipe de trabalho, no momento em que era conduzido por policiais: “não deixem de ir para as comunidades. Não parem a missão”.

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