sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Primeira audiência do processo contra o padre Amaro Lopes


Brasil de Fato, 13 de Setembro de 2018
Testemunha de acusação inocenta padre Amaro durante audiência em Anapu
A próxima audiência está agendada para o dia 7 de novembro, quando serão ouvidas testemunhas de defesa

Na primeira audiência de Instrução e Julgamento do processo contra o padre José Amaro Lopes, que ocorreu nesta quarta-feira (12) na Comarca de Anapu (PA), as testemunhas de acusação desmentiram a polícia local e afirmaram que, na verdade, Amaro é uma pessoa ameaçada no município.

Foram ouvidas 16 testemunhas de acusação dos fazendeiros, que no processo afirmam serem vítimas e acusam Amaro dos delitos de lavagem de dinheiro, extorsão, esbulho possessório, e associação criminosa. O quarteirão onde fica o fórum teve que ser isolado e apoiadores do padre Amaro não puderam acessar a área.

O padre, que é uma liderança importante na luta pela reforma agrária e de defesa do meio ambiente, esteve preso entre março e junho deste ano, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou um pedido de liminar para que o religioso aguardasse o julgamento em liberdade.

Na avaliação de Marco Apolo, advogado que integra a equipe de defesa de Amaro e membro da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), a audiência foi positiva para a defesa do padre, porque além da defesa desmontar as acusações que foram apresentadas uma testemunha negou que tenha feito acusações contra Amaro.

“Nós conseguimos desmontar boa parte dos argumentos que eles [fazendeiros] apresentaram, e inclusive tem um depoimento de uma senhora que é muito interessante, ela desmentiu a Polícia Civil de Anapu, porque ela falou que o estava no papel, várias acusações feitas contra o padre Amaro ela jamais disse, então assim é uma desmoralização de toda a investigação contra o padre Amaro”.

Leia mais: Provas contra Padre Amaro são viciadas, afirma Comissão Pastoral da Terra no Pará

Outro aspecto da audiência apontado por Apolo foi que os fazendeiros tentaram atribuir outros delitos ao padre Amaro, mas a defesa conseguiu demonstrar que as acusações não eram verdadeiras.

“A última testemunha falou que o Amaro é uma pessoa ameaçada, que sempre prestou solidariedade aos movimentos camponeses e que nunca viu o Padre Amaro fazer absolutamente nada de ilegal na região, uma testemunha arrolada pela acusação e acabou inocentando o Amaro”.

Religiosos, amigos e o bispo da Prelazia do Xingu, Dom João Muniz Alves estiveram em Anapu para prestar solidariedade ao padre. De acordo com Apolo, no dia 7 de novembro, está agendado a audiência de defesa do Padre. Além da SDDH o processo está sendo acompanhado também pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O teólogo foi preso na rodoviária do município no dia 27 de março. Ele foi ouvido na sede da Superintendência Regional da Polícia Civil, em Altamira e depois transferido, no mesmo dia, para o Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRALT). Após três meses, no dia 28 de junho, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedeu liminar para que pudesse responder em liberdade ao processo em que é réu.

Após término da fase de instrução, o juiz abrirá prazo para o Ministério Público e os assistentes de acusação oferecerem as razões finais. Em seguida, o processo será remetido à defesa, que procederá às razões finais. Somente após isso o processo deve voltar ao juiz para proferir a sentença de primeiro grau.



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