“Insistimos que a verdade seja apurada com total transparência”, afirmam bispos de Xingu (PA)
Os bispos titular e emérito da prelazia do Xingu, dom João Muniz Alves e dom Erwin Kräutler publicaram dia 28 de março uma carta em solidariedade ao padre José Amaro Lopes de Sousa, pároco da paróquia de Santa Luzia de Anapu (PA). O padre, uma das lideranças da CPT em Anapu, foi preso no dia 27 de março. O religioso foi acusado de extorsão e abuso sexual. A Polícia Civil o investiga também por esbulho possessório – quando o dono tem sua terra tirada dele de forma violente. O sacerdote foi preso na rodoviária de Anapu, no Pará. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa e na paróquia do sacerdote.
Apontado como o líder social mais influente da região e sucessor da missionária Dorothy Stang assassinada em 2005, o padre tem uma atuação contra desmatamento ilegal e vinha sofrendo ameaças pela luta fundiária na floresta.
Na carta, os bispos asseguram que o padre José Amaro é vítima de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos favorecidos. “Repudiamos as acusações de ele promover invasões de terras que são reconhecidas pela Justiça como terras públicas, destinadas à reforma agrária, mas se concentram ainda nas mãos de pessoas economicamente poderosas”, diz o documento.
Os pastores também pedem a elucidação dos fatos. “Acompanhamos apreensivos a investigação e elucidação dos fatos e insistimos que a verdade seja apurada com justiça e total transparência”, afirmam no texto.
De acordo com o bispo emérito Dom Erwin Krautler, da Prelazia do Xingu, o caso é acompanhado por advogados. A Comissão Pastoral da Terra, em nota, afirmou que “foi surpreendida com a notícia da prisão do Padre José Amaro”. Ademais, segundo a CPT, desde 2001 o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da Pastoral, registra ameaças de morte contra o sacerdote.
Também por meio de nota, a Rede Eclesial Pan-amazônica (Repam) repudiou o ato e apoiou a luta do eclesiástico. “Há muitos anos, o padre defende a regularização fundiária e o justo assentamento de centenas famílias de camponeses pobres da região vinculados ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Em sua missão, tem se colocado à serviço da causa dos trabalhadores e trabalhadoras do campo sendo um suporte para a sua organização, seu protagonismo e sua incansável luta em defesa da Amazônia”, destacou a Repam.
Fonte: CNBB, 4/4/2018
Fonte: CNBB, 4/4/2018
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