A prisão do padre Amaro
AIRTON DOS REIS PEREIRA
A prisão de José Amaro Lopes de Souza, padre da Prelazia do Xingu e membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Anapu, no sudoeste do Pará, em 27 de março deste ano é uma demonstração clara de como os governos Federal e do Estado do Pará têm conduzido a reforma agrária e sobretudo se posicionado com relação à questão agrária. O religioso é acusado de chefiar uma “associação criminosa” com fim de cometer diversos crimes como “ameaça à pessoa”, “esbulho possessório”, “extorsão”, “assédio sexual”, “importunação ofensiva ao pudor”, “constrangimento ilegal” e “lavagem de dinheiro”.
Ao analisar o inquérito policial (136/2017) que o delegado de Anapú, Rubens Matoso Ribeiro, instaurou, os advogados da CPT e da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) constataram que as acusações que a autoridade policial faz nada mais são do que as acusações que latifundiários e grileiros que ocupam a Gleba Bacajá, naquele município, fazem ao religioso. Ou seja, o delegado simplesmente plasmou em seu inquérito as acusações e os desejos dos ruralistas para prender, incriminar e desmoralizar o padre Amaro e o legado que a missionária Dorothy Stang deixou naquela região.
O juiz da comarca local decretou a prisão sem consultar o Ministério Público sobre o inquérito policial. Padre Amaro, por meio da CPT, tem dado assessoria e apoiado os trabalhadores rurais que reivindicam a posse da terra em áreas públicas ilegalmente ocupadas por grandes fazendeiros na Gleba Bacajá.
Leia na íntegra no Jornal do Brasil, 6 de abril de 2018
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