terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Terras sem lei na Amazônia ameaçam o compromisso climático brasileiro


Terras sem lei na Amazônia ameaçam o compromisso climático brasileiro
Um violento descumprimento da lei ameaça os esforços nacionais para acabar com o desmatamento ilegal

No Pará, um estado do tamanho da França, Espanha e Portugal juntos, o desmatamento é bastante comum em áreas onde a posse da terra é contestada. A disputa costuma resultar em violência, conforme pecuaristas e sem-terras fazem suas reivindicações.

Tomar partido dos sem-terras foi parte do trabalho de Stang, cuja memória é homenageada em Anapu por uma procissão anual comemorativa através da cidade empoeirada, junto com o Fusca branco dela, muito bem cuidado.

Stang defendeu dois grandes “projetos de desenvolvimento sustentável” em terras governamentais que os pecuaristas ocuparam: Esperança, onde Gonçalves Barbosa foi assassinado, e Virola-Jatobá.

A ideia de Stang era permitir que os sem-terras fossem assentados em troca da preservação de grande parte da floresta. Um grupo de fazendeiros comandado por Reginaldo Pereira Galvão, conhecido como “Taradão”, encomendou seu assassinato para barrar a execução dos projetos. Galvão foi condenado pelo crime a 30 anos de prisão, mas continua solto após apresentar recurso e aguarda o resultado.

“Ela deu a vida pelos projetos sustentáveis”, afirmou o padre José Amaro Lopes da Silva, da Comissão Pastoral da Terra, um grupo católico de direitos humanos, no quintal de sua casa.

Ele alega que o mesmo “grupo” de fazendeiros que matou Stang continua operando na região e tem uma lista com 30 pessoas marcadas para morrer, inclusive ele. E acrescenta que os fazendeiros assassinaram oito pessoas recentemente: chegando às casas remotas das vítimas em um comboio de picapes, colocando fogo em suas cabanas e depois atirando neles ao chegarem à cidade.

Um dos parentes das vítimas lembra que: “Quando dissemos que estávamos esperando uma decisão da corte [sobre uma disputa de terra], um deles abriu a porta da picape e mostrou uma coleção de armas”. O parente também lembra o que o fazendeiro disse a seguir: “Essa é a nossa justiça”.

Uma pequena agricultora local, Francisca Santos de Souza, disse que seu filho de 17 anos foi morto “como um cachorro” – levou um tiro quando estava saindo de uma festa.

Padre Amaro vê a série de assassinatos, incluindo o de Gonçalves Barbosa, como parte de uma campanha dos fazendeiros para intimidar os pequenos produtores, tomar a terra e limpá-la para criar gado e cultivar soja.

Leia o artigo na íntegra no site Mídia e Amazônia

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